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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A menina que mora ao lado


                Ela sempre deslumbra meu olhar com sua pele macia, seu cabelo quase que da cor de uma pitanga, e seu olhar que parece não perceber o mundo a sua volta. Todas as manhãs ela passa pela minha calçada, e eu na janela fico ansiado para que ela levemente vire seu rosto em uma proporção que eu possa a olhar nos olhos.
                Incrivelmente ela ainda continua a não me perceber a três meses que fico a espreitar a sua passagem, como uma pessoa que espera para ver pela primeira vez um eclipse solar. Poderia eu puxar assunto, ou quem sabe até fotografá-la.
                Já estou delirando, hoje acordei disposto, disposto a encarar meu desejo e chamar aquela perfeição da natureza nem que seja para perguntar as horas e poder ouvir sua voz.
                Chamei a moça dos cabelos ruivos, mas ela não olhou, fui mais além e toquei ombro dela, que olhou para mim e sorriu, mas nenhuma palavra conseguiu tirar de sua boca. Que ironia do destino a minha amada é linda, tem uma pele macia, seu cabelo é quase da cor de pitanga, seu olhar parece não perceber o mundo à volta e ela é muda.
                Sim, isso mesmo que você está lendo, ela é muda, tentei me comunicar com ela, mas foi meio que em vão, não consegui entender muita coisa. Mas ainda hoje saio para vê-la passar como o primeiro eclipse da minha vida, com sua beleza incomensurável e seu silêncio sossegado.
                Ainda estou apaixonado.

(Por: Miguel Arcanjo)